Biometria de frutos e sementes de Chrysophyllum L. (Sapotaceae) é útil na distinção de espécies?

Abstract

Chrysophyllum L. (Chrysophylloideae) é o segundo maior gênero de Sapotaceae, com 71 spp. conhecidas, principalmente nos Neotrópicos. No Brasil, estima-se a ocorrência de 31 spp., sendo a maioria registrada para a Amazônia (~20 spp.). Na recente filogenia molecular da subfamília, dentre os grupos monofiléticos em Chrysophyllum, há um pequeno e interessante grupo que corresponde à seção Ragala (clado B) e que apresenta uma característica rara em Sapotaceae: cálice acrescente no fruto. Na Amazônia Central, esse grupo é representado por C. sanguinolentum ssp. balata (Ducke) T.D.Penn., C. sanguinolentum ssp. spurium (Ducke) T.D.Penn. e C. ucuquirana-branca (Aubrév. & Pellegr.) T.D.Penn., árvores ocasionalmente coletadas na região e facilmente confundidas. Assim, o objetivo desse estudo foi testar a utilidade de dados biométricos de frutos e sementes, a fim de fornecer subsídios para a distinção dessas espécies. Os frutos maduros foram coletados diretamente da copa de matrizes (n=3) localizadas na Reserva Ducke, em Manaus, AM. No laboratório, frutos (n=70) e sementes (n=77) foram fotografados e características biométricas (p.ex. peso, comprimento, diâmetro equatorial) foram mensuradas com auxílio de balança de precisão e paquímetro digital. Além de estatística descritiva, os dados passaram por testes de normalidade, homocedasticidade e ANOVA seguida do teste de Tukey (5%) em ambiente R. Os frutos são bagas carnosas, globoides (em C. ssp. balata e C. ucuquirana-branca) e piriformes (em C. ssp. spurium), todos com sementes elipsoides. No geral, houve bastante sobreposição nas características biométricas entre as espécies. Porém, as variáveis distintas para as três espécies foram peso e diâmetro do fruto, comprimento da semente e largura do hilo. Entre as subespécies de C. sanguinolentum, a sobreposição das medidas foi principalmente observada nas sementes e foi maior no comprimento do pedicelo do fruto. C. ucuquirana-branca apresentou uma amplitude maior para as variáveis de fruto e menor sobreposição com as duas subespécies de C. sanguinolentum nas variáveis de sementes. Especialmente a largura do hilo das sementes foi útil para distinguir as subespécies de C. sanguinolentum de C. ucuquirana-branca, sendo uma característica mantida mesmo após secagem do material (p.ex. espécimes de carpoteca); já a distinção entre as subespécies de C. sanguinolentum, parece satisfatória usando o diâmetro e o peso dos frutos, sendo esta última funcional apenas no material fresco.

Publication
In I Simpósio de Biodiversidade, Conservação e Uso Sustentável de Plantas, Algas e Fungos Amazônicos
Caroline C. Vasconcelos
Caroline C. Vasconcelos
DSc candidate in Botany

My research interests include taxonomy and systematics (especially neotropical Sapotaceae); spectroscopy as a integrative tools; Amazonian flora; species distribution modelling; floristic studies; and tropical forest ecology.

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